Agosto, um dos piores meses p/a borracha natural no Brasil

Os produtores brasileiros de borracha natural fecharam o mês de agosto com um dos piores preços para o insumo do ano. Apenas como exemplo, em agosto do ano passado o preço da borracha Cernambi virgem prensada era negociado no Estado de São Paulo, o maior produtor de borracha natural do Brasil, a R$ 3,45 o quilo.



 
Os produtores brasileiros de borracha natural fecharam o mês de agosto com um dos piores preços para o insumo do ano. Apenas como exemplo, em agosto do ano passado o preço da borracha Cernambi virgem prensada era negociado no Estado de São Paulo, o maior produtor de borracha natural do Brasil, a R$ 3,45 o quilo. Em agosto deste ano, a praça paulista negociava o insumo a R$ 2,57 o quilo, ou 25,5% de desvalorização em 12 meses.
 
Apenas como título de ilustração, em maio de 2011, pico de alta dos preços na praça paulista, momento em que o insumo atingiu R$ 3,94 o quilo, a diferença para o preço posto em agosto passado referenda uma baixa de 34,77%.

 

Esses e outros números fazem parte de balanço encaminhado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O balanço apresentado pela entidade, de excelente qualidade, apresenta dados das 13 principais praças produtoras do país, dentre elas, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins.
Em linhas gerais, os números, estado por estado e no mês a mês, na base de janeiro de 2011 a agosto de 2012, pontificam uma similaridade muito grande com os preços da borracha natural negociados no mercado internacional, que em agosto, assim como nos dados apresentados pela Conab, caíram de forma abrupta, na média de 15% em relação ao mês de julho.
 
Apenas para ficar no exemplo da praça paulista, os R$ 2,57 por quilo pagos pela borracha Cernambi virgem prensada em agosto foi 4,46% menor que os R$ 2,67 pagos em julho e exatamente o mesmo preço do insumo registrado em abril e maio.

 

Esperamos que a Conab possa nos dar uma amostragem do mês de setembro, e dada à similaridade da dinâmica de preços internos e externos, pode estar havendo, também aqui, um quadro de substancial melhora no setor externo.
 
Os melhores preços registrados pela Conab para o insumo foram apresentados pelos estados de Tocantins, cujos produtores comercializaram o quilo do insumo por R$ 3,58 em agosto, ante R$ 3,55 pelos produtores de Minas Gerais e R$ 3,15 pelos do estado do Paraná (veja gráfico).
No Mato Grosso, segundo maior produtor de borracha natural do Brasil, com participação de 25% do total, os produtores tiveram em agosto o menor preço pelo quilo do insumo desde abril deste ano. O quilo foi comercializado a R$ 2,92, baixa de 10,15% ante os R$ 3,25 por quilo referentes a julho. Agosto contra agosto, o preço da borracha natural mato-grossense apresentou perdas de 21,71%.
 
Na Bahia, terceiro maior mercado produtor de borracha natural do país, o quadro foi bem semelhante: o quilo fechou agosto ao preço de R$ 2,20, o menor desde janeiro de 2011 – dentro da série histórica passada pela Conab.

 

Agosto de 2012 ante julho de 2012, o insumo apresentou baixa de 12% e em 12 meses terminados em agosto deste ano, o recuo foi de 19,12%.
 
No Espírito Santo, quarto maior produtor nacional de borracha natural, o preço da borracha Cernambi virgem prensada fechou agosto em R$ 3,07, ou 8,36% menos que julho deste ano e 13,28% menos que agosto do ano passado.
 
Como dissemos acima, esse quadro pode estar mudando em setembro, mas assim que tivermos os números da Conab referentes ao período, mostraremos. Em linhas gerais, o produtor nacional encontrou em agosto o mesmo quadro geral dos produtores de borracha natural do Sudoeste da Ásia.

 

Internamente, e ai estão às ações anticíclicas adotadas pelo governo federal para ativar a economia interna, os produtores de borracha padecem de uma baixa demanda pelo insumo, dependentes hoje do movimento de recuperação da produção de veículos e de toda a gama de indústrias que se utilizam do insumo para a manufatura de pneus e borrachas e seus assemelhados.
 
Externamente falando, está havendo uma recomposição das perdas ocorridas, principalmente em agosto, mas os preços internacionais, assim como os nacionais, estão longe, mas muito longe do pico de alta apresentado há 12 ou 18 meses.

 

O que se vê no setor externo é uma indústria se preparando para 2013, momento em que as medidas que estão sendo tomadas na Zona do Euro, principalmente, possam dar frutos, bem como se terá um desenho mais claro da política interna dos Estados Unidos, que hoje se divide entre a corrida presidencial.
 
No Brasil a recíproca é a mesma. A série de reduções de juros adotadas pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, a melhora da taxa de câmbio, a redução de tributos, mesmo que temporariamente, como o IPI para veículos e bens de consumo, favorece, mas seus efeitos serão sentidos apenas e tão somente em médio prazo.

 

Curiosidades sobre o mundo da borracha natural 
 
São Paulo, com cerca de 80 mil hectares dedicados à heveicultura é o maior produtor nacional do insumo. O Estado participa com 54,5% da produção nacional, ou cerca de 75 mil toneladas anuais. O Mato Grosso vem em seguida, com 25% do mercado brasileiro e uma produção estimada em cerca de 34 mil toneladas.
 
Bahia, com 11,55% de participação (15,6 mil toneladas) e Espírito Santo, com 1,8% da produção nacional (2,43 mil toneladas) fecham o círculo dos quatro maiores produtores nacionais do insumo.

 

Dados do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) – baseados em estimativas do International Rubber Study Group (IRSG) -, apontam para uma demanda global de 350 mil toneladas de borracha natural no Brasil neste ano, dos quais, 135 mil toneladas serão supridas pela produção interna e 215 mil toneladas deverão ser importadas.
 
O IAC destaca ainda que São Paulo tem uma produção média por hectare superior aos principais produtores de borracha natural da Ásia. A produção média de extração de borracha em São Paulo fica entre 1.300 a 1.500 quilos por hectare, ante 1.200 quilos por hectare na Tailândia, 1.000 quilos por hectare na Indonésia e 900 quilos por hectare na Malásia.

 

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