Após dois meses de baixas, borracha natural vira o jogo e sobe

Se depender dos contratos futuros da TOCOM, insumo irá valorizar continuamente até abril de 2018.

Após dois meses de quedas sucessivas, o preço da borracha natural – negociada no mercado futuro da Tokyo Commodity Exchange (TOCOM), apresenta tendência contínua de valorização – entre novembro de 2017 até abril de 2018.

Grânulos de borracha natural produzidos na usina de beneficiamento da Fazenda Ouro Verde, da Michelin, na Bahia. Foto: Fernando Bortolin

É o que dizem os contratos a futuro negociados no pregão de abertura deste terça-feira, 07, quando os maiores volumes de contratos celebrados apontavam para março e abril de 2018, sendo 307 e 1.071 contratos sendo negociados, respectivamente.

Os números apontavam para valorização de 4,63% nas operações com entrega neste mês, a 195,4 ienes por quilo, na comparação com o fechamento de outubro. Apenas 10 contratos eram registrados nesta posição.

Para dezembro, o quilo da borracha natural avançava 1,54% a 199,1 ienes com 21 contratos fechados, verificando-se valorização de 0,81% para janeiro a 202,1 ienes o quilo (com 41 contratos negociados) e valorização de 1,51% para fevereiro, ao preço de 204,8 ienes (29 contratos celebrados).

Os meses de março e abril concentram os maiores volumes de entregas a futuro, sendo valorização de 1,83% a 205,8 ienes (307 contratos) e alta de 0,24% a 206,3 ienes para abril, com 1.071 contratos.

Entre os dias 10 de outubro e 20 de outubro, os estoques da TOCOM elevaram-se em 560 toneladas do insumo, saltando de 2.827 toneladas para 3.387 toneladas.

O contexto de formação dos preços se deve a grande diversidade de fatores, que vão da oscilação do iene frente ao dólar, passando pelas flutuações de preços do petróleo. O nível e o ritmo de atividade das economias asiáticas também passam pelas ponderações dos agentes de mercado que operam na TOCOM, bem como os últimos números divulgados pela Associação dos Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC).

Entre janeiro e setembro deste ano, a entidade contabilizou uma produção global de 6.838 milhões de toneladas do insumo versus um consumo de 7.486 milhões de toneladas. Ou seja, faltaram 648 mil toneladas para atender a demanda.

O Vietnam, um dos mercados mais expressivos do Sudeste Asiático reportou neste último domingo que suas exportações do insumo avançaram 8,2% entre janeiro e outubro, para 1.075.683 toneladas.

Na última semana, uma informação relevante foi dada pela Titan International Inc, durante a divulgação de seu balanço trimestral, ao destacar que os preços de matérias-primas se mantiveram estáveis no terceiro trimestre do ano, tanto assim que a empresa ampliou seu EBITDA em 68%, para US$ 18,9 milhões.

A Hankook, que no segundo trimestre fiscal atestou boa parte de seus resultados aos custos de matérias-primas, neste terceiro trimestre sequer tocou no tema.

A verdade é que os preços a futuro da TOCOM apontam para uma tendência crescente dos preços que estariam muito longe dos 351,6 ienes o quilo registrados em janeiro de 2017. Os preços postos para o primeiro trimestre de 2018 estão no mesmo patamar dos praticados entre junho e julho deste ano, entre 199,1 ienes a 206,3 ienes.

Um dado muito significativo divulgado nos meios de comunicação chineses refere-se ao potencial de crescimento do consumo de borracha natural em 2017, estimado em 27.201.000 toneladas, mas que deve chegar a 28.050.000 toneladas.

O estudo destaca ainda que os 20 maiores consumidores globais do insumo respondem por uma demanda de 24.440.000 toneladas, sendo que 70% desse montante se destina à fabricação de pneus.

A China é, isoladamente, a maior consumidora do mundo, com 9.010.000 toneladas, seguida pelos Estados Unidos com 2.840.000 toneladas, vindo na sequência a Índia (1.630.000 toneladas), Japão (1.550.000 toneladas) e Tailândia (1.150.000 toneladas).

O Brasil é o quinto maior consumidor de borracha natural do mundo, com consumo estimado em 950.000 toneladas, bem próximo da Indonésia com 930.000 toneladas e Malásia com 910.000.

A Alemanha é o oitavo maior mercado consumidor global (810.000 toneladas), seguida pela Rússia (680.000 toneladas), Coreia do Sul (600.000 toneladas) e Vietnam (490.000 toneladas).

Taiwan (450.000), Turquia (420.000), França (370.000), Espanha (360.000), Polônia (340.000), México (330.000), Itália e Canadá, ambos com 310.000 toneladas, compõem os 20 maiores consumidores globais de borracha natural.

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