Brasil é o 4º mercado automotivo global a adotar a etiquetagem de pneus

Desde 29 de outubro de 2016, o Brasil passou a ser o quarto mercado automotivo global a adotar o sistema de etiquetagem de pneus como métrica de qualidade e segurança, um processo que nasceu no Japão, em 2010, e que foi adotado pela Europa e Coréia do Sul, em 2012.

A partir de agora, todos os pneus radiais produzidos e importados – usados em veículos de passeio, camionetes, pick-up’s, SUV’s, caminhões e ônibus – devem seguir as diretrizes do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), definido pelo INMETRO, em três parâmetros de desempenho: resistência ao rolamento, aderência em pista molhada e ruído externo (poluição sonora) – cujas performances obtidas em testes estarão expressas em etiquetas coladas à banda de rodagem do pneu.

A importância da etiquetagem sob a ótica do consumidor pode ser avaliada pela pesquisa da consultoria MarketQuest com consumidores do Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha e Polônia, um ano após a implantação do sistema na Europa, onde 54% dos entrevistados disseram estar cientes da rotulagem e 71% foram diretamente influenciados em suas decisões de compra pelas informações presentes nas etiquetas, ou seja, usaram as classificações pontuadas (nas etiquetas) para fazer a aquisição de novos pneus já no primeiro ano de adoção do sistema.

Dentre as classificações que mais chamam a atenção do consumidor está a aderência em piso molhado. Mais da metade dos entrevistados (52%) passaram a buscar essa informação, vindo em seguida o item resistência ao rolamento (47%) e poluição sonora (41%).

“A etiquetagem representa um marco ao setor e uma ação de respeito ao consumidor que agora passa a ter mais informações sobre o produto, a entender melhor as diferenças existentes entre cada tipo de pneu, sua diversidade de aplicações e performance individual. Isso elevará a capacidade de escolha e a convicção de compra que melhor atenda as necessidades”, afirma Milton Favaro Junior, diretor presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP).

“Junto com a etiquetagem, estamos assistindo a um processo de maximização de matérias primas e insumos de altíssima qualidade na construção de pneus, um fator que vem culminando no surgimento de novos conceitos de produtos que garantem mais conforto, segurança e economia, com ganhos importantes ao consumidor”, destaca.

Para Milton Favaro Junior, a etiquetagem traz à tona um fato cultural relevante que é a quebra do mito de que pneus importados têm qualidade inferior aos nacionais. “Com o sistema, o consumidor poderá ver e comparar, ele mesmo, o custo/benefício de cada produto”.

Para os importadores, o programa é importante, mas é mais significativo para a indústria local que, agora irá adequar-se ao que já é praticado no exterior. A maioria das empresas fornecedoras de pneus aos importadores associados à ABIDIP já vende produtos com tais certificações na Europa, EUA e Brasil desde 2012, mas só agora os pneus produzidos localmente estarão se enquadrando às métricas globais.

“Ao mesmo tempo em que essa aproximação positiva com o consumidor acontece, também temos a preocupação de que os pneus sejam devidamente destinados à reciclagem. Estamos fazendo um trabalho de conscientização de todos os envolvidos, desde o importador, lojistas e consumidores sobre a reciclagem e sua importância e, nesse contexto, seria importante que o Governo flexibilizasse a vida das empresas de reciclagem. Precisamos desonerar os tributos dessas empresas, que atuam com insumos que já geraram arrecadação em sua vida útil e agora precisam sair de cena de forma eficiente”, diz.

Etiquetagem – como funciona

Todos os pneus radiais produzidos e importados a partir de 29 de outubro de 2016 devem ter, obrigatoriamente, a etiqueta do INMETRO, mas a legislação permite que até abril de 2018 os pneus atualmente em estoque (na indústria e comércio – importados ou fabricados no Brasil) possam ser vendidos normalmente sem as etiquetas.

Outro ponto é que o sistema não se aplica aos pneus reformados, de bicicleta, agrícolas, veículos de competição, militares, industriais, empilhadeiras, motocicletas, motonetas, ciclomotores, veículos de coleção, diagonais e off road.

Como funciona

São seis níveis de eficiência energética expressos pelas letras A, B, C, D, E, F e G. Cada letra representa um parâmetro de eficiência onde o A é o melhor e o G o pior. Mas o que as letras representam? Elas medem o grau ou índice de resistência do pneu ao solo. Quanto maior a deformação do pneu no contato com o solo, mais alta é sua resistência e, consequentemente, mais alto é o consumo de combustível e a emissão de CO2. Testes na Europa mostram que um pneu bem ranqueado pode economizar até 7,5% em combustível, comparado a outro pior ranqueado.

Aderência em piso molhado

É outro parâmetro – que também se divide em sete classificações (expresso pelas letras A, B, C, D, E, F e G). Esse item reforça a tese de que um dos papeis mais importantes do pneu é fornecer segurança em todas as condições de uso. Portanto, a aderência é um item vital para isso.

Em testes na Europa um carro equipado com classificação A e andando a uma velocidade de 80 Km/h apresenta espaço de frenagem 20 metros menor que o mesmo veículo, à mesma velocidade, equipado com pneu de classificação F.

Ruído externo

O parâmetro conta com três classificações, sendo expressos limites máximos de até 75 decibéis para pneus de veículos de passeio, 77 decibéis para pneus de veículos comerciais leves e 78 decibéis para pneus de caminhões e ônibus.

“Temos milhões de veículos nas cidades e estradas do país rodando com pneus importados e a questão da poluição sonora já é analisada há anos na Europa e nos Estados Unidos, tomando corpo no Brasil agora, o que é muito positivo e revela uma preocupação pertinente com a saúde pública, principalmente das pessoas que estão fora dos veículos”, aponta Milton Favaro Junior.

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