A triste realidade das estradas e o impacto sobre a saúde brasileira

Sociedades médicas chamam atenção para a 3ª causa de mortes no Brasil

Em geral as discussões econômicas se concentram em quanto é o déficit ou superávit primário, as contas desse município, estado ou União, pautam-se sobre a necessidade da reforma A, B ou C, porém, muitas vezes a correção de uma consequência está nas ações do dia-a-dia.

Nesta manhã de segunda-feira, a sociedade médica SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado), com apoio da ACELITY, apresenta números estarrecedores que impactam, não apenas a segurança nas estradas, como os números da Previdência Social.

Vamos a eles.

Com base no relatório cidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), os quase 170 mil acidentes ocorridos nas rodovias federais brasileiras em 2014 provocaram uma despesa de R$ 12,3 bilhões aos cofres públicos.

Se analisada toda a malha rodoviária federal, esse custo avança para quase R$ 40 bilhões.

Abrindo-se os números relativos as despesas de R$ 12,3 bilhões, 64,7% (R$ 7.958 bilhões) corresponderam aos gastos com vítimas, incluindo cuidados médicos, perda de produção devido às lesões e morte, e 34,7% (R$ 4.268 bilhões) associados a despesas com danos materiais ou remoção dos veículos acidentados.

Dos recursos relacionados às vítimas, 43% (R$ 3.421 bilhões) dizem respeito à perda de produção das pessoas, como a diminuição da renda durante o período de tratamento da vítima e os benefícios arcados pela previdência social e 20% (R$ 1.591 bilhão) são de custos hospitalares.

Apenas para observação: a Previdência Social arca/arcou com R$ 3.421 bilhões.

A análise revela também que, quanto maior a gravidade do acidente, maiores são as despesas associadas a ele.

Em média, cada acidente custou R$ 261.689,00. O gasto médio de um acidente com vítima foi de R$ 664.821,00. As ocorrências nas rodovias federais mataram mais de 8 mil pessoas e deixaram mais de 26 mil pessoas com lesões graves, em 2014.

Outro dado relevante apresentado é que entre 2003 e 2012, os benefícios temporários e as pensões por morte pagos pela Previdência Social em função de acidentes de trânsito aumentaram 75,8% e 55,5%, respectivamente.

Nota da redação:

  • Esses dados mostram, dentre outras questões, a importância da correta gestão e administração das estradas e da infraestrutura de transporte – do modal rodoviário brasileiro – em primeiro lugar.
  • Em segundo lugar, revelam o impacto sobre a falta de segurança do sistema e seu impacto sobre a vida de milhões de usuários.
  • Terceiro. Apresenta o impacto desse ‘descaso’ governamental sobre a Previdência Social, sendo mais um elemento de atenção para a pauta dos atuais postulantes à presidência da República e ao Congresso Nacional – deputados federais e senadores – e, em especial, às equipes econômicas dos presidenciáveis, no tocante à malfadada Reforma da Previdência.
  • Os números mostram que as aposentadorias são apenas a ponta de um imenso icerberg sobre o tema. A implantação de um efetivo programa de melhorias da infraestrutura das estradas pode descomprimir os custos da Previdência e do sistema hospitalar, mas mais que isso, revestir as estradas de segurança, respeito ao consumidor e respeito à vida.
Tecnologia em prol da recuperação de lesões

A SBAIT e mais sete organizações médicas e não médicas, chamam a atenção para a campanha O Tempo Não Cicatriza.

A campanha traz à luz a existência de terapias inovadoras já disponíveis no Brasil, que reduzem em até 60% os custos de cuidados de enfermagem e os custos médios de hospitalização em 30%.

O acesso a estas tecnologia pode reduzir o tempo de recuperação das vítimas em até 60% quando comparada com curativos convencionais.

A campanha é promovida pelas sociedades brasileiras de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), de Queimaduras (SBQ), de Tratamento Avançado de Feridas (SOBRATAFE), a de Atendimento Interligado ao Traumatizado (SBAIT); de Estomaterapia (SOBEST) e a de Enfermagem em Dermatologia (SOBENDE), e a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD).

Para mais informações acesse: www.sbait.org.br

 

 

Leia mais em:

1.Relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/150922_relatorio_acidentes_transito.pdf

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