Indústria de pneus vira o jogo das importações

A indústria brasileira de pneus encerrou o primeiro quadrimestre de 2012 com saldo positivo de US$ 86,9 milhões na balança comercial, com vendas totais de US$ 556,067 milhões em 11 categorias de produtos e importações de US$ 469,171 milhões.

A indústria brasileira de pneus encerrou o primeiro quadrimestre de 2012 com saldo positivo de US$ 86,9 milhões na balança comercial, com vendas totais de US$ 556,067 milhões em 11 categorias de produtos e importações de US$ 469,171 milhões. 

Dos 11 tipos de pneus para aplicações diversas, que vão de produtos voltados para caminhões, ônibus, veículos de passeio, caminhonetes, construção, bandas de rodagem, motocicletas, agrícolas, aviação, protetores, bicicletas e dumpers, a balança comercial foi deficitária em apenas cinco segmentos, com destaques para os pneus com aplicação em dumpers (US$ 29,8 milhões); Outros (US$ 23,5 milhões); agrícolas (US$ 10,5 milhões); bicicletas (US$ 8,2 milhões) e aviação (US$ 3,3 milhões). 

Dos grandes segmentos de exportação de produtos nacionais direcionados ao exterior o mais dinâmico foi o de pneus voltados para o setor de construção. As vendas desses pneus somaram US$ 95,3 milhões nos primeiros quatro meses do ano ante importações de US$ 37,8 milhões, abrindo um saldo superavitário de US$ 57,5 millhões. 

O desempenho dos pneus para aplicação em construção foi seguido pelo segmento de bandas e produtos voltados para recapagem, com saldo líquido em receitas de US$ 39,9 milhões no mesmo período.

Mas o maior destaque na queda de braço entre produtos exportados e importados se deu nos produtos para automóveis de passeio e picapes. É a primeira vez em três anos que a indústria nacional vira o jogo e supera a força dos produtos importados, com vendas totais de US$ 173,1 milhões ante compras de US$ 159,6 milhões, resultando em saldo positivo de US$ 13,5 milhões – na base de comparação janeiro a abril.  

No segmento de passeio, os grandes mercados compradores de pneus nacionais foram os Estados Unidos, com US$ 15,6 milhões no período de janeiro a abril deste ano, seguidos pela Argentina (US$ 5 milhões) e México (US$ 3,1 milhões). Já entre os países que mais venderam pneus ao mercado brasileiro figuraram a China (US$ 15.4 milhões), a Argentina (US$ 4,6 milhões) e a Coreia do Sul (US$ 3,7 milhões).  

Especificamente em abril de 2011, a balança comercial para esse tipo de pneu era negativa em US$ 7,5 milhões. Passados 12 meses, o saldo virou positivo em US$ 20,9 milhões. 

Impacto das ações governamentais 

Os números mostram um peso bastante específico de três ações governamentais que tomaram curso no período de janeiro a abril deste ano. A primeira foi a promoção de mudanças na área cambial, com o objetivo de elevar o preço do dólar ante a moeda brasileira, o real. Tais ações foram desencadeadas pelo Banco Central. 

A segunda ação diz respeito ao fim da Guerra dos Portos, numa decisão do Congresso Nacional que, através do Projeto de Resolução 72, uniformizou as alíquotas interestaduais de ICMS com produtos importados. A medida entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2013 e deve afetar a logística dos importadores de pneus, mas a mais relevante será a perda de um ganho extra entre 6% e 8% por força da equalização do ICMS na margem de lucro. 

A terceira grande ação governamental está ocorrendo através da Receita Federal, com a chamada Operação Maré Vermelha, onde produtos que antes tinham um período de três a cinco dias para o desembaraço aduaneiro, feito pelo canal verde, estão levando entre 10 e 15 dias – caso tenham sido direcionados ao canal vermelho. 

Sondagem com setores importadores de pneus aponta que o segmento está mais do que apreensivo, não apenas pelas questões citadas acima, mas também porque a dinâmica da economia interna está abaixo da esperada. 

Uma das ponderações dadas por importadores é que houve um aumento das compras nos meses finais do ano passado e que agora o segmento se mostra superestocado. Como a economia não avança, não há como desovar esse estoque na velocidade de vendas de anos anteriores – para que se possa processar novas compras -, o que explicaria o recuo das importações de pneus nesse momento. 

Caminhões e ônibus 

Diferentemente do segmento de pneus para veículos de passeio e picapes, cujas importações foram maiores que as importações nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, o segmento de pneus para caminhões e ônibus segue firme, sempre no azul. 

Setor que gira os maiores volumes de vendas ao exterior, de US$ 185,5 milhões nos quatro primeiros meses do ano, o saldo positivo na balança comercial foi de US$ 26,6 milhões. 

Vale lembrar que em abril do ano passado esse segmento apresentava um déficit na balança comercial de US$ 16,6 milhões que hoje foi revertido para um superávit de US$ 26,6 milhões. Só nisso já se percebe o brutal esforço das indústrias brasileiras para atingir esse resultado, até porque as vendas de caminhões e ônibus andam péssimas no mercado interno.

Dados da Anfavea apontam que no quadrimestre as vendas de caminhões novos cairam 8,1%, com recuo de 17,8% entre abril de 2012 e abril de 2011. Só no segmento de caminhões pesados, as baixas foram de 15,2% e 38%, respectivamente – na base comparativa dos quadrimestres e em 12 meses terminados em abril. 

Com estoques exportadores reforçados pela baixa da demanda interna no segmento, as empresas nacionais tiveram de ir à luta e os números mostram que obtiveram sucesso nas vendas externas. 

Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria, os maiores mercados compradores de pneus de caminhões e ônibus brasileiros foram: Argentina (US$ 11,1 milhões), Venezuela (US$ 4,5 milhões) e México (US$ 3,6 milhões). Já os mercados que mais venderam pneus importados aqui foram: Coreia do Sul (US$ 6,1 milhões), China (US$ 5,9 milhões) e Japão (US$ 4,2 milhões).

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