Selic ainda tem espaço para cair e fechar 2017 em 6,75%

Projeções apuradas pelo BCB acenam com duas novas quedas: uma em dezembro e outra em fevereiro de 2018

Ainda há espaço para o um novo corte da taxa básica de juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).

A taxa que serve como parâmetro de juros para toda a economia nacional, sofreu corte de 0,75 ponto percentual em decisão tomada pelo comitê, no último dia 25 de outubro, sem viés, porém, as estimativas de juros projetadas pela própria autoridade monetária exibem, nesta segunda-feira, 30, uma Selic potencial de 7,0% ao ano em dezembro, período em que o Copom realizará a última reunião do ano, entre os dias 5 e 6 de dezembro.

Para fevereiro de 2018, data da primeira reunião do Copom – marcada entre os dias 6 e 7 de fevereiro – estima-se nova redução do juro básico, dessa vez para 6,75% ao ano, permanecendo sem alterações até outubro de 2018 – quando pode subir, de novo, para 7%.

A flexibilização da política monetária concorre positivamente para um quadro de controle inflacionário e estabilidade cambial, frente a um cenário de terror no âmbito político e, de reformas bastante ‘discutíveis’ e ‘esqueleticamente esvaziadas’.

A autoridade monetária, sem respaldo do Congresso Nacional, busca consolidar um quadro de estabilidade com os ferramentais que têm em mãos, principalmente, frente a uma agenda eleitoral que teremos de enfrentar em 2018.

Para quem já viveu todos os planos (e crises) econômicas desde a década de 70, a prática mostra que a equipe econômica botou ordem na casa (de novo), conforme pode-se ver nos dados projetados pelo Banco Central do Brasil, principalmente câmbio, juros e inflação.

 

Período Produção industrial % Dólar (R$/US$) Selic % IPCA % IGPM %
Outubro 2017 5,09 3,16 7,50 0,47 0,30
Novembro 2017 3,95 3,17 7,50 0,36 0,38
Dezembro 2017 2,84 3,19 7,00 0,45 0,41
Janeiro de 2018 3,43 3,20 7,00 0,50 0,46
Fevereiro 3,60 3,20 6,75 0,45 0,36
Março 3,10 3,20 6,75 0,34 0,39
Abril 5,70 3,20 6,75 0,37 0,31
Maio 3,80 3,23 6,75 0,30 0,30
Junho 3,10 3,23 6,75 0,19 0,28
Julho 3,20 3,25 6,75 0,18 0,25
Agosto 3,10 3,26 6,75 0,19 0,32
Setembro 3,10 3,28 6,75 0,28 0,41
Outubro 3,10 3,28 6,75 0,36 0,45
Novembro 3,10 3,30 7,00 0,40 0,45
Dezembro 3,20 3,30 7,00 0,48 0,41

É o desdobramento desses indicadores que permitirá que o nível de atividade possa deixar de ser primazia do setor agropecuário, irrigando também a indústria e o setor prestador de serviços.

Perceba que uma maior variação do câmbio está presente nos números do BC, assim como picos (sazonais) dos índices de preços.

Um aspecto que pode explicar isso pode estar associado ao aumento do dinamismo projetado para as importações em 2018 – com consequente menor geração de superávit comercial, mas também pode estar antevendo uma onda de volatilidade gerada pela agenda eleitoral.

Infelizmente, e, mais uma vez, as projeções de balança comercial mostram os mesmos erros pós-crise já vividas pela economia nacional. Sem consolidar o Brasil como uma plataforma exportadora, a balanço comercial só responde bem quando estamos em recessão e no fundo do poço.

O governo se mostra mais uma vez incapaz de manter essa expansão positiva de geração de receitas em moeda forte oriunda das exportações. Sempre quando se sai do fundo do poço, as empresas que antes orientavam negócios ao exterior encerram suas operações externas e se voltam ao atendimento das demandas internas. Uma pena.

O empresário brasileiro ainda não descobriu que pode ganhar nas duas pontas.

Até mesmo os dados projetados da autoridade monetária mostram isso: as importações vão voltar com força (até mesmo para se apropriar do momento de recuperação da atividade interna projetada para o Brasil).

Veja os números:

Comércio Exterior 2017 2018 2019 2020 2021
Importação 148,19 162,70 177,61 186,69 204,48
Exportação 213,00 217,75 227,84 235,00 242,77
Saldo 65,00 52,20 42,50 39,00 40,89

Confira o histórico das taxas de juros: Selic

Calendário do Copom 2017

Calendário do Copom 2018

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