Borracha Natural: aumento na oferta explica queda de preços, mas cotações ainda estão 42% maiores que em 2016

Um dos fatores de pressão sobre as cotações, aponta a ANRPC, foi o aumento de 3,3% no consumo observado nos dois primeiros meses de 2017, contra um recuo de 2,2% na produção.

Informe de mercado realizado pela Associação dos Países Produtores de Borracha Natural (ANRPC), na última semana, está por trás do recuo dos preços da borracha natural nos principais mercados asiáticos neste mês de março.

A cotação da borracha SMR 20 – insumo mais usado na produção de pneus devido sua maior resistência – apresentava queda de 10,02% no encerramento das operações feitas na Malaysian Rubber Board, na quarta-feira, 22, quando comparada a igual período do mês anterior, quando o preço bateu na máxima de US$ 225,49 cents por quilo.

Segundo a ANRPC, balanço feito pelos países produtores aponta para um aumento da oferta da borracha natural em 2017, devendo superar mais de 3 milhões de toneladas, ante 2,7 milhões no ano passado.

A produção total deve crescer 4,7% em 2017, diz a associação, informação que tira um pouco as nuvens negras que pairam sobre as cabeças dos gestores de produtos da indústria de pneus desde o segundo semestre do ano passado – quando se tornou mais agudo o processo de alta dos preços internacionais da borracha natural.

Um dos fatores de pressão sobre as cotações, aponta a ANRPC, foi o aumento de 3,3% no consumo observado nos dois primeiros meses de 2017, contra um recuo de 2,2% na produção. A demanda subiu, a oferta caiu e os preços, consequentemente, subiram. A associação estima um consumo em alta de 1,8% para 2017, com 8,129 milhões de toneladas adicionais demandadas pelo mercado.

Efeito compensador

A ANRPC aponta que o grande problema neste início de ano foi a queda de produção da Tailândia, atribuída às inundações que tomaram conta das áreas produtivas ou inviabilizaram a extração e comercialização do insumo, fato que acabou sendo compensado, em parte, pelo aumento da produção em outros países da região. A Índia, por exemplo, ampliou sua produção de borracha natural em 30%, aponta a entidade.

Tudo isso representa que os preços tendem a cair ou a se posicionarem em uma zona de equilíbrio? Comparativamente ao mesmo período do ano passado, os preços ainda estão 41,58% mais altos em 2017, no patamar de US$ 190,50 cents por quilo. É o mesmo nível observado em dezembro de 2016 e dezembro de 2015.

A ANRPC destaca para o aumento da oferta do insumo, mas avisa que a volatilidade nas cotações do petróleo, as súbitas variações cambiais e de fluxo dos fundos especulativos em commodities, principalmente concentrados na Ásia, podem se refletir na formação futura dos preços da borracha natural.

Uma grande fonte de incerteza também reside na decisão do governo dos Estados Unidos de não aplicar salvaguardas por dumping em pneus de caminhão e ônibus oriundos da China.

Na visão da ANRPC isso pode representar um ingrediente a mais sobre a curva de demanda da borracha natural, seja pela oportunidade de negócios aberta com os norte-americanos, seja porque os pneus de carga usam mais borracha natural em sua composição e pelo fato de a China ser hoje o maior mercado consumidor de borracha natural do mundo.

Destaques