CADE aprova compra da Sascar pela Michelin

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a aquisição da Sascar pela Michelin.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a aquisição da Sascar pela Michelin, destaca o site francês especializado em mercado de ações, Boursier.com.

A empresa francesa anunciou a aquisição em 09 de junho de 2014, ao preço de € 440 milhões, equivalentes a US$ 1,332 bilhão pelo câmbio atualizado.

Em 29 de julho a companhia reportou a operação em teleconferência a acionistas, analistas de mercado e jornalistas, durante a apresentação de seu relatório financeiro referente ao segundo trimestre fiscal e fechamento do primeiro semestre. No documento, a empresa destacava a necessidade de anuência de autoridades brasileiras para o negócio, fato que agora foi validado em aprovação do CADE.

A Sascar é uma das principais empresas do setor de gestão digital e segurança voltada ao transporte de cargas no Brasil. Conta com uma base de 33 mil frotas e 190 mil caminhões  gerenciados por seus sistemas eletrônicos e de telemetria.

A Sascar tem forte presença no segmento de caminhoneiros independentes e frotas de pequeno e médio porte, segmentos em que a Michelin pode expandir sua oferta de produtos e serviços e acelerar o crescimento de sua divisão de pneus no Brasil.

Suas receitas apresentaram crescimento médio de 16% ao ano nos últimos três anos, fechando 2013 na faixa de € 91 milhões.

Extraoficialmente, fontes de mercado sondadas pela Transportepress.com apontam a aquisição da Sascar como uma iniciativa ‘brilhante’ por parte da Michelin, na medida em que a empresa obtém uma base futura para a oferta de produtos inteligentes, baseados no conceito de TPMS (Tire Pressure Monitoring Systems, ou sistemas de monitoramento da pressão de pneus, em tradução literal).

Esses sistemas – que envolvem a colocação de sensores dentro dos pneus e nos veículos e seus implementos – permitem realizar a gestão, em tempo real, dos pneus que rodam nesse veículo. Por ser um sistema de telemetria online e em tempo real, prescinde de tecnologia e sistemas que, no caso, a Sascar tem de sobra e é referência no mercado.

A Pirelli já apresentou um sistema do gênero no Brasil – ainda em testes: o Cyberfleet. A Continental Pneus também já está com seu sistema pronto para comercialização local e a Bridgestone está desenvolvendo o seu para aplicação local. No caso da Michelin, seu sistema se chama Michelin Earthmover Management System (MEMS), equipamento que já foi apresentado no Brasil na última M&T em 2012.

O segredo do sucesso para o bom funcionamento desses sistemas é a telemetria, e, nesse caso, com a aquisição da Sascar, a Michelin sai na frente de todos os seus concorrentes locais, pois conta com uma empresa referência no ramo, uma base bastante ampla de clientes e um ferramental que pode dotar o MEMS com diferencias de precisão e preço em condições melhores que os demais competidores.

*Vale lembrar que sistemas TPMS mais simples são equipamentos obrigatórios – de fábrica e por legislação em mercados maduros como Europa e Estados Unidos. TPMS que acoplem sistemas de telemetria não se enquadram nisso, ainda, mas serão boas ferramentas de gestão em futuro não tão distante, para frotistas e transportadores, medindo não apenas o ativo pneu, mas abstraindo dados como consumo de combustível e até a forma como o motorista dirige o caminhão.

Para entender, seria o mesmo que as equipes de Fórmula 1 aplicam nas medições de seus carros, em provas, ensaios e testes que realizam. O que as empresas de pneus estão fazendo é trazer esse universo tecnológico para dentro das empresas de transportes, onde o gestor de frota poderá ter a posição imediata do veículo, a temperatura e pressão dos pneus, o consumo de combustíveis, a velocidade da roda (e não do velocímetro), se houve a troca de pneus (roubo) sem autorização.

Esses sistemas são tão completos e complexos que também medem o comportamento e o modo do motorista dirigir e permitem um contato por rádio para a correção de possíveis avarias ou necessidade de manutenção e parada do veículo. Do escritório, garagem ou de casa, o gestor de frota tem todas as informações, em tempo real, do que está acontecendo com os caminhões da empresa.

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