Copom decidiu, por unanimidade, manter Selic em 6,50% ao ano

Para o Comitê, as expectativas de inflação para 2018 e 2019 encontram-se em torno de 3,9% e 4,1%, respectivamente. Selic fecha ano em 6,5% e sobe para 8% em 2019.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve, pela segunda vez consecutiva, a taxa básica de juros em 6,50% ao ano, em sua reunião desta quarta-feira, 20.

Entre os pontos destacados para a manutenção dos juros o Copom aponta a greve dos caminhoneiros como um fator que dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica.

“A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação. O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual”, destaca o informe.

Em relação ao setor externo, o Comitê ressalta que segue ‘desafiador e volátil’.

“A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais.  Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, aponta o comunicado.

Inflação

O Copom julga que, no curto prazo, a inflação deverá refletir os efeitos altistas significativos e temporários da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. “As medidas de inflação subjacentes ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, destaca o informe.

Para o Comitê as expectativas de inflação para 2018 e 2019 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,9% e 4,1%, respectivamente. As expectativas para 2020 situam-se em torno de 4,0%.

Juro para 2018 e 2019

Segundo o Comitê, no cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom situam-se em torno de 4,2% para 2018 e de 3,7% para 2019.

“Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2018 em 6,50% ao ano e 2019 em 8,0% ao ano e de taxa de câmbio que termina 2018 em R$/US$ 3,63 e 2019 em R$/US$ 3,60.

No cenário com juros constantes a 6,50% ao ano e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,70*, as projeções situam-se em torno de 4,2% para 2018 e 4,1% para 2019.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções, dentre eles:

  • possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação passada pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado;
  • (ii) uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.
  • Esse risco se intensifica no caso de (iii) continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes.

“Esse último risco se intensificou desde a reunião anterior do Copom, enquanto diminuiu o risco da inflação ficar significativamente abaixo da meta no horizonte relevante”, destaca o informe do Comitê.

Votaram pela decisão de estabilidade do juro básico os seguintes membros do Comitê:

  • Ilan Goldfajn (Presidente),
  • Carlos Viana de Carvalho,
  • Carolina de Assis Barros,
  • Maurício Costa de Moura,
  • Otávio Ribeiro Damaso,
  • Paulo Sérgio Neves de Souza,
  • Reinaldo Le Grazie,
  • Sidnei Corrêa Marques e
  • Tiago Couto Berriel.
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